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Estudo do HC-FMUSP SP traça perfil da mulher brasileira na menopausa

Estudo epidemiológico da Divisão Clínica Ginecológica do Hospital das Clínicas da FMUSP com cerca de 6 mil mulheres, a partir dos 40 anos, aponta as doenças correlacionadas ao período do climatério, no qual ocorre a menopausa

A pesquisa “Dados demográficos, epidemiológicos e clínicos de mulheres brasileiras climatéricas”, conduzida pela Divisão Clínica Ginecológica do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), com apoio da Bayer Schering Pharma para a publicação e a divulgação, apresenta o perfil da mulher na transição para a menopausa e na pós-menopausa. Este estudo, um dos mais amplos já realizados sobre o tema com a população brasileira, envolveu cerca de 6 mil mulheres em uma investigação com onze anos de duração (entre 1983 e 2004) realizada no Setor de Climatério do Hospital das Clínicas da USP. O resultado identifica e quantifica as principais doenças e distúrbios correlacionados à menopausa em nosso meio, tais como os típicos sintomas vasomotores (fogachos ou ondas de calor), a obesidade medida por meio do índice de massa corpórea (IMC) e distúrbios como a hipertensão arterial (pressão alta), a diabetes e as doenças cardiovasculares, entre outros.

De acordo com o levantamento, a maioria das mulheres apresenta sintomas relacionados ao desequilíbrio hormonal (hipoestrogenismo) que afetam sua qualidade de vida, a exemplo dos sintomas vasomotores de grau leve a acentuado apresentados por 67% das mulheres (duas em cada três). Outros dados relevantes demonstram que 68,13% possuíam sobrepeso ou obesidade e 81,5% tinham algum antecedente de saúde declarado no primeiro atendimento, como hipertensão arterial (44,94%), diabetes (10,01%), tabagismo (8,39%), tireopatias – hiper ou hipotireoidismo – (7,07%), neoplasias – tumores malignos – (6,41%), entre outras patologias com menor intensidade. A Dra. Angela Maggio da Fonseca, professora associada e livre-docente da Disciplina de Ginecologia do Departamento de Obstetrícia e Ginecologia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) e coordenadora do estudo, destaca que o estudo “é uma forma de os médicos conhecerem a fisiologia deste período da mulher e possibilitar a escolha de um tratamento adequado, melhorando a qualidade de vida de todas elas”.

A idade da ocorrência da menopausa está geneticamente programada para cada mulher, mas é também influenciada por outros fatores relevantes como etnia, paridade, tabagismo, altitude, fatores socioeconômicos, contraceptivos hormonais e nutrição. Os resultados deste estudo, coincidindo com trabalhos realizados anteriormente, demonstram que a média etária de ocorrência da menopausa no Brasil é de 48,1 anos. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), com o aumento da expectativa de vida da população total, considerando ambos os sexos, passando de 62,7 para 68,9 anos e a previsão de um aumento crescente da quantidade de mulheres acima de 50 anos nas próximas décadas, igualando-se em número às mais jovens, aumentam-se os anos em que elas passam a conviver  com a menopausa, sendo imprescindível uma prescrição médica para o tratamento dos diversos sintomas do hipoestrogenismo.
A decisão clínica de iniciar a terapêutica hormonal em pacientes sintomáticas irá beneficiá-las ao aliviar os sintomas, proteger contra a perda de colágeno e atrofia da pele, conservar a massa óssea e reduzir o risco de fraturas por osteoporose, atuando diretamente na qualidade de vida das pacientes. O que difere as terapias são os progestagênios, pois cada um traz um tipo de benefício. Entre as terapias disponíveis no mercado, novos e melhores progestágenos, tais como a drospirenona demonstraram em diversos estudos, eficácia comprovada com menos efeitos adversos e ainda, benefícios adicionais em outros órgãos e sistemas.

O estudo da Clínica Ginecológica do Hospital das Clínicas também observou que a idade da mulher na época em que ocorre a menopausa tem influência significativa sobre os sintomas e as doenças correlacionadas. Comparativamente, o grupo de 1585 pacientes que tiveram a menopausa entre 41 e 45 anos de idade apresentou um percentual de 27,89% de mulheres com sintomas vasomotores acentuados, contra 18,32% entre aquelas que entraram na menopausa com idade acima de 55 anos, em um universo de 202 pesquisadas.

Considerando-se a hipertensão arterial, uma das mais importantes doenças correlacionadas, observa-se que com o aumento da idade e instalação da menopausa, ocorre elevação significativa da pressão arterial. Entre as observadas, 34,20% das pacientes acima de 55 anos apresentavam pressão arterial igual ou superior a 141/91, sendo considerados ideais os índices até 120/80. Outro aspecto relevante é a elevação da pressão arterial quando há o aumento do IMC. Entre as pacientes obesas, 40,17% apresentavam pressão arterial maior ou igual a 141/91, enquanto apenas 15,06% das consideradas magras tinham os mesmos índices de hipertensão. “A prevalência da hipertensão arterial aumenta com a idade, desta forma, é importante que seja realizada uma vigilância destes índices em todas as mulheres climatéricas”, finaliza a Dra. Angela Maggio da Fonseca.
A tabela abaixo estratifica algumas das questões levantadas pela pesquisa, ao demonstrar como a ocorrência ou não dos sintomas podem ser influenciados pela faixa etária, tempo de menopausa (anos) e IMC.

Sintomas Faixa etária na época da menopausa¹ Tempo de menopausa² IMC³
Vasomotor Sim Sim Sim
Parestesia Sim Sim
Insônia Indiferente Indiferente
Nervosismo Sim Sim
Melancolia Sim Sim Sim
Vertigem Indiferente Indiferente
Fraqueza Sim Sim
Artralgia/mialgia Indiferente Indiferente Sim
Cefaleia Sim Sim
Palpitação Sim Sim
Formigamento Sim Sim

¹ Faixa etária na época da menopausa – Quanto mais precoce a idade da menopausa, maior a possibilidade da paciente apresentar os sintomas

² Tempo de menopausa – Os sintomas diminuem significativamente conforme aumenta-se o tempo de menopausa

³ IMC – O aumento do IMC eleva a possibilidade de sintomas

 

FAQ sobre climatério e Menopausa

No dia 18/10 comemora-se o Dia Mundial da Menopausa. Por conta disso selecionamos este compendio, com informações para suas pacientes.

Mulheres que fazem acompanhamento médico podem amenizar sintomas comuns do climatério como fogachos (ondas de calor), irritabilidade e alterações menstruais

A menopausa marca o final do período reprodutivo feminino e tem início após a ocorrência do último ciclo menstrual na mulher, gerada pela redução na produção dos hormônios estrógeno e progesterona. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), até 2030, mais de 1 bilhão de mulheres estarão na menopausa. No Brasil, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) estima que mais de 13,5 milhões passam pelo climatério. Neste período, são comuns as dúvidas femininas sobre temas como sexualidade, qualidade de vida, sintomas gerais e reposição hormonal. A seguir, o ginecologista César Eduardo Fernandes, professor da Faculdade de Medicina do ABC e presidente do conselho científico da Associação Brasileira do Climatério (SOBRAC), comenta algumas questões que envolvem esta fase da vida da mulher.

1. Quais são as fases que caracterizam o climatério e os principais sintomas de cada etapa?

Dr. César Eduardo Fernandes – O climatério pode ser dividido em três etapas que se diferenciam por suas particularidades: perimenopausa, menopausa e pós-menopausa. Durante a perimenopausa, a menstruação se torna irregular, sendo que esta fase se caracteriza pela presença progressiva de sintomas como fogachos (ondas de calor), transpiração excessiva, irritabilidade, insônia, alterações de humor e alterações menstruais. Já a menopausa, se caracteriza pela ausência de menstruação por um período de 12 meses consecutivos. A pós-menopausa surge quando a parada menstrual seguirá definitivamente por toda a vida da mulher. Entre as principais manifestações desta etapa encontram-se a redução da secreção vaginal, que pode provoca dor na relação sexual e falta de libido. Também, em decorrência da deficiência hormonal deste período e da atrofia urogenital subjacentes, não são incomuns o aumento da frequência das micções, a incontinência urinária e manifestações de secura e ardor vaginal. A mulher pode apresentar ainda insônia, depressão, tontura e cansaço, entre outros sintomas.

2. Como estes sintomas podem ser amenizados?

Dr. Fernandes – No dia a dia, a mulher pode se preparar para enfrentar os fogachos, que ocorrem em função das alterações dos níveis de hormônios, com hábitos de vida saudáveis que incluem, entre outros, a prática regular de exercícios físicos, uma dieta balanceada para evitar o ganho de peso e o aumento do risco cardiovascular. Também é recomendável a prática de alguma atividade para interagir com outras pessoas, por proporcionar ganhos emocionais que podem minimizar o risco de eventuais transtornos do humor, a exemplo dos quadros depressivos. Claro que um acompanhamento médico regular pode oferecer o suporte necessário para se contrapor aos incômodos próprios desta etapa da vida, bem como para que se adotem medidas preventivas contra eventuais doenças que possam surgir nesta fase.

3. A menopausa diminui a libido feminina?

Dr. Fernandes – A menopausa diminui a elasticidade e a lubrificação da vagina, o que pode prejudicar o relacionamento sexual, principalmente por se tornar dolorido. Por este motivo, algumas mulheres passam a evitar o contato íntimo com seus parceiros. Os níveis hormonais têm influência direta sobre este contexto adverso da sexualidade que algumas mulheres apresentam neste momento de suas vidas. Mais uma vez, uma conversa franca com o seu médico de confiança pode ajudar a compreender o que está acontecendo e subsidiar medidas terapêuticas que ajudam a atenuar estas manifestações. Nunca é demais enfatizar que manter uma vida sexual ativa e prazerosa contribui para melhorar a qualidade de vida das pessoas.

4. As mulheres que estão neste período têm uma maior predisposição para doenças cardiovasculares?

Dr. Fernandes – A redução hormonal, principal característica da menopausa, faz com que a mulher perca a proteção estrogênica (hormônio feminino que auxilia na proteção das artérias). Neste período, é muito importante que a mulher se previna contra os fatores que trazem um maior risco cardiovascular, como: controlar a hipertensão arterial, o diabetes mellitus e o colesterol elevado, abandonar o cigarro, praticar atividade física (pelo menos 30 minutos de 3 a 6 dias por semana) e buscar uma dieta equilibrada e rica em frutas, verduras e vegetais.

5. Todas as mulheres precisam realizar a terapia hormonal?

Dr. Fernandes – A decisão clínica de iniciar ou de dar continuidade à terapia hormonal (TH) deve levar sempre em consideração a peculiaridade de cada caso, em particular procurando-se individualizar o regime terapêutico a ser adotado, as doses e vias a serem empregadas e o tempo de utilização dos hormônios. A terapia hormonal tem indicações bastante definidas e aceitas consensualmente na literatura médica como alternativa para o alívio dos sintomas do climatério. Um ponto relevante a se considerar TH é a sua composição. Neste particular, as substâncias que atuam à semelhança da progesterona, denominadas genericamente de progestagênios, podem fazer grande diferença. Por atuarem globalmente sobre o organismo feminino, os progestagênios promovem ações sobre a saúde da usuária, particularmente sobe o processo aterogênico e risco cardiovascular que, naturalmente, vão além do seu propósito inicialmente considerado que era o de proteger o endométrio do risco de câncer. Alguns progestagênios ganharam a simpatia dos médicos por serem mais seguros em relação ao risco cardiovascular. Entre estes, merece citação a drospirenona que, associada ao estradiol, tem mostrado em vários estudos bem conduzidos, contribuir para a redução nos níveis pressóricos em pacientes hipertensas, além de propiciar alívio dos sintomas menopáusicos e não influenciar no ganho de peso.

6. Existem contraindicações para a reposição hormonal?

Dr. Fernandes – O médico deve verificar se a paciente possui antecedentes ou riscos elevados de algumas doenças como manifestações anteriores de trombose ou tromboembolismo, câncer de mama, câncer de endométrio e doença hepática. Também deve estar atento à eventuais casos de sangramento vaginal não diagnosticado, que deverá ser esclarecido quanto à sua causa antes do início da terapia de reposição hormonal.

7. A terapia hormonal traz benefícios para as mulheres?

Dr. Fernandes – Dos vários tratamentos disponíveis para os sintomas da menopausa, a terapêutica hormonal é a mais indicada, pois demonstra eficácia no alívio dos sintomas que supera qualquer alternativa não hormonal em estudos que comparem as suas eficácias relativas. Além disso, oferece benefícios que extrapolam aos do próprio alívio dos sintomas e melhora da qualidade de vida; proporciona proteção contra a perda de colágeno e atrofia da pele, e ainda conserva a massa óssea com consequente redução no risco de fraturas por osteoporose, que são comuns nesta etapa da vida da mulher.

Fonte: Assessoria de Imprensa

BURSON-MARSTELLER